Agora à pouco, decidi dar uma estudada pela internet à fora. Locutores, documentários, vídeos, acabei assistindo uma boa entrevista do Nizan Guanaes (um dos melhores publicitários brasileiros e Presidente da Agência de Publicidade Africa) p/ o canal Multishow. E essa citação dele me chamou muito a atenção como ponto de partida de um post que vinha a algum tempo querendo escrever, mas sempre me faltava "o" start!
Hoje em dia o mercado do "Show Business", sendo mais específico o do Nordeste, vem passando por um fenômeno, o da Auto-suficiência! Vim de uma época que contratante dono de casa de show precisava de bandas p/ fazer eventos, precisava de som, de palco, de serviços em geral. Vim de uma época em que o dinheiro girava, em que se existia parceiros reais, fieis.
O cara da casa de show contratava uma banda por que ela era uma boa atração p/ sua casa, sem maiores interesses, existia um verdadeiro comércio, te contrato e te pago, acabou! O que fica depois é uma amizade, uma parceria e tudo mais que um bom pós-venda possa manter. Daí, a banda indicaria a casa para outra banda, ou até outra banda p/ essa mesma casa. O tiozinho do som, mesmo sempre meio "out" das influências desse ciclo, mas até o mesmo indicaria uma banda, uma empresa de gerador digamos. E o mercado girava, o dinheiro girava e os competentes cresciam.
Mas o que acontece hoje, e porque?
Hoje em dia o cara que contratava uma banda já tem uma, uma concorrente. Mas ele deve precisar de som, estrutura então.... NÃO! Adivinha, ele tem uma empresa de estrutura. Então vamos acompanhar o trajeto do "Money": Entra na bilheteria, vai p/ o escritório e..... e pronto, última parada, Conta bancária daquele empresário! Mas, qual o problema? Quem se sentir excluído monte seu mini império também! É o que está acontecendo.
As empresas estão se munindo de "auto-suficiência", tem bandas, palcos, geradores, sons, iluminação e todos os serviços necessários p/ a realização de um evento. Mas uma banda só não faz um evento, eles normalmente tem 3, ou mais! E o dinheiro não está mais girando, a quantidade de eventos estão aumentando, e muito. Se uma produtora X, não faz evento com nada proveniente da Y, a Y vai fazer seus eventos sozinha então. Se a banda L não tem mais casa de show p/ tocar, ela vai fazer seus eventos. Resumindo, enquanto em um mês teriam 4 bons eventos em uma cidade, onde em cada evento estavam todos, agora essa mesma cidade está com uma média de 12 eventos.
Vocês sabem o que 12 eventos faz com uma cidade como João Pessoa, por exemplo? Faz com que nenhum dê certo. Se podíamos ter 4 bons eventos, casa cheia, à partir de agora são 12 fracos, prejuízo na certa! É fácil fazer a conta, o poder aquisitivo e a cultura do povo não evoluiu com essa velocidade não.
Um amigo fez um comentário muito feliz, que em João Pessoa, saem de casa uma média 3 mil pessoas todo sábado p/ um evento de forró por exemplo. Se temos um só, essas 3mil devem ir p/ lá, se temos 3, é só dividir.
Quem for antenado, é só fazer uma pequena análise p/ notar issso aí. Como era o mercado 5 anos atrás e como está hoje!
Se eu quiser ser banda, som, casa de show, gerador e divulgador, meu cliente será quem? Eu. Meu parceiro? Eu. Quem vai me pagar? Eu. Se, tem vários eventos e o meu dar errado, quem vai arcar com o prejuízo? Eu, SOZINHO! Enquanto, arcar com uma parte é mais tranquilo, do que arcar com 100%.
Mas será que é só isso? E o envolvimento? Enquanto várias cabeças participavam de um mesmo evento, era certeza desse evento está bem comentado, "envolvimento". E o que também vem acontecendo com isso tudo? A rivalidade de grupos e bandas*. Já basta o futebol que faz você precisar tomar partido e torcer por um time até o fim. Em santa consciência, não somos obrigados à gostar de uma só banda não! Se a gente for do lado de certo grupo, não podemos ir a festa do outro? Entendeu porque o faturamento não é mais o mesmo?
Tenho meu pensamento formado, acho que isso só freia o mercado, e só engessa as articulações e parcerias. Mas, como toda crise, como todo mal momento, traz uma época de criatividade e de superação que após o período, tudo se renova e o mercado volta com uma roupa diferente, uma apresentação mais consistente!
* Em se tratando da rivalidade de bandas, nesse caso me refiro ao ramo do forró!