Acho que é sempre uma dúvida de como a pessoa virou um produtor. Até porque ninguém faz vestibular, depois faculdade, especialização de Produção, esse caminho seria o óbvio, mas não é o real. Considerada profissão do futuro, a nossa sempre tem um caso particular de início.
Eu por exemplo:
Quando tinha 16 anos decidi montar uma banda com alguns amigos. Não tinha produtor, claro, porque a banda era pequena, então eu assumi as responsabilidades, que eram, levar, ligar, agendar os shows, macar horários, cobrar, receber dinheiro... Na verdade desde garoto eu que organizava as peladas, as idas p/ praia e todas as brincadeiras com os amigos de bairro e colégio. Sempre tive esse espírito de liderança, característica fundamental e inicial do produtor.
Então colocava 5 amigos e vários instrumentos em um Clio que minha mãe tinha na época e simbora pagodear. Foram vários churrascos, vários anos, até que a banda foi dando certo e cresceu. Resolvemos ter um produtor, que era um amigo nosso, depois foi um irmão de um dos integrantes. Mas eu nunca me libertava, sempre estava na montagem, passagem, durante a semana era eu também resolvendo problemas.
Até que um dia, já em uma outra banda, que era de ritmos latinos, em um show em camboinha, praia ao lado de João Pessoa-PB, tívemos um problema. Íamos abrir p/ uma banda de carreira nacional. O produtor deles bateu o pé e disse que ninguém ia passar som nem mexer em nada antes deles. A atração eram eles, claro, mas só tinha um porém, éramos primeiro, e como tocar primeiro sem montar nada nem muito menos passar o som? Um pouco de ignorância do produtor deles mas principalmente acomodação do nosso. Eu não aguentei ficar parado e disse ao nosso produtor: "E aí? Vamos ficar parado?" Ele rodeou mas nada saiu, então eu disse que deixasse que eu ia resolver. Fui lá, na primeira vez levei um não, mas insisti e o produtor da outra banda me escutou. Resultado, consegui convencê-lo.
Uma coisa era certa, eu nunca fui um bom percussionista, fazia o "feijão com arroz", e foi depois daquela noite que notei que poderia ser um produtor. Mas nada mudou, continuei tocando. Após alguns anos a banda acabou, montei um estúdio de gravação e um amigo me chamou p/ ser produtor de sua banda, era uma Orquestra Baile. Eu aceitei claro, desafio. Fui e mudei muita coisa lá. Implantei regulamento, horários, multas e consegui transformar em uma empresa. Daí p/ frente é uma longa história...
Outro exemplo é do Raphael, produtor da Viva Ideia. Eu já o conhecia e, sabendo que ele estava sem emprego, resolvi chamá-lo. Vi que tinha o perfil. E o que me marcou foi que alguns dias atrás ele me confessou que antes de trabalhar com a gente não tinha nem noção desse mundo e que hoje ele pretende seguir como uma profissão realmente.
Moral da história: Tenho certeza que essa é uma profissão do futuro, um futuro bem próximo que talvez chegue o dia de termos a oportunidade de fazer um vestiba e cursar dignamente e não ficarmos sujeitos aos que se dizem ser produtores e empresários, mas ficam sempre mafinado todos os novatos p/ que não fiquem melhor que eles.
Esse blog é, e sempre será minha parcela de contribuição p/ quem quiser saber um pouco mais sobre a área e estar aberto a quem quiser trocar uma ideia. Pois à cada dia estou disposto a aprender mais. E, acho que quem fala e critica alguma coisa tem que fazer por onde. Portanto o CURSO DE PRODUÇÃO BÁSICO, que farei agora em março será uma maior parcela de contribuição que darei. Ele vem aí com a intenção de abrir os olhos de pessoas que não sabem como gira esse mercado e essa profissão, mostrar possíveis caminhos, histórias reais e uma ótima oportunidade.
Bom carnaval p/ os que vão curtir e também p/ os que vão trabalhar!!!